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Você já sentiu como se estivesse vivendo em câmera lenta…
Mas por dentro tudo estivesse pesado demais?
Como se o mundo pedisse movimento, mas o seu corpo só soubesse ficar parado?

Há dias em que sair da cama parece impossível.
O sol entra pela janela, mas você mal sente calor.
As coisas que antes traziam alegria agora parecem distantes, como se vivessem em outro universo.

Essa sensação tem nome.
E não é fraqueza, nem preguiça.
É depressão.
E se você chegou até aqui com esse peso no peito… respira.
Você não está sozinha.
E há caminhos de cuidado — um deles começa dentro de você.

Depressão: mais do que tristeza

Depressão não é só “estar triste”.
É um estado profundo de desconexão: do corpo, das emoções, do mundo.
É como se a alma se recolhesse para dentro, em silêncio, e deixasse o resto no piloto automático.

Do ponto de vista neurocientífico, a depressão está relacionada à hiperatividade de uma área chamada Default Mode Network (DMN) — uma rede cerebral que se ativa quando estamos “ruminando”, presos no passado ou em ciclos de pensamento automático (Brewer et al., 2011).
É também marcada por alterações na amígdala (relacionada a emoções como medo e tristeza) e por níveis mais baixos de serotonina, o neurotransmissor do bem-estar.

E o que tudo isso tem a ver com mindfulness?

Mindfulness como caminho de volta

Mindfulness é mais do que uma técnica.
É uma forma de retornar para si.
De observar a dor sem se afundar nela.
De cultivar presença, mesmo quando tudo dentro grita ausência.

Em programas clínicos como o MBCT – Mindfulness-Based Cognitive Therapy (Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness), criados por psicólogos como Zindel Segal, Mark Williams e John Teasdale, o mindfulness é usado especificamente para tratar depressão recorrente.
Estudos mostram que ele reduz o risco de recaídas depressivas em até 43% (Kuyken et al., 2015).
E mais: essa abordagem é recomendada pelo próprio NHS (sistema de saúde do Reino Unido) como tratamento complementar à depressão.

Por quê?
Porque ao treinar a mente para estar no presente, a pessoa começa a se libertar do ciclo repetitivo de pensamentos negativos.
Ela aprende a notar: “isso é só um pensamento, não é a verdade absoluta”.
E essa percepção abre espaço. Espaço para respirar. Para escolher. Para viver.

Corpo e sistema nervoso: aliados na cura

Quando falamos em depressão, também falamos de corpo.
Porque a mente não adoece sozinha.

O mindfulness ajuda a regular o sistema nervoso autônomo, especialmente ativando o ramo parassimpático — aquele que traz descanso, recuperação e segurança.
Essa ativação acontece através da respiração consciente, que estimula o nervo vago e envia sinais de calma para o cérebro (Porges, 2011).
É como se o corpo dissesse à mente: “Estamos seguras agora. Podemos soltar.”

Além disso, estudos mostram que a prática regular de mindfulness aumenta a espessura do córtex pré-frontal (área ligada à tomada de decisão, foco e regulação emocional) e promove neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de se reorganizar (Hölzel et al., 2011).

Traduzindo: quando você pratica mindfulness, está literalmente reconstruindo caminhos de esperança no seu cérebro.

Uma prática para quando tudo estiver pesado

Se hoje tudo parecer demais…
Se levantar for difícil…
Se sorrir parecer mentira…

Tente isso:

Sente-se ou deite-se confortavelmente.
Coloque uma das mãos sobre o coração e a outra sobre o abdômen.
Feche os olhos, se puder.
Sinta o toque da mão.
Perceba a respiração entrando… saindo…
E diga para si, em silêncio:

“Agora, eu estou aqui. Com tudo o que eu sou. Mesmo com a dor. Mesmo com o medo. Eu me acolho.”

Não precisa durar mais do que dois minutos.
Mas se puder repetir amanhã… e depois…
Talvez algo comece a se reorganizar aí dentro.

Quando a luz volta a tocar

Mindfulness não é uma promessa de cura mágica.
Mas é uma ponte.
Entre o colapso e o recomeço.
Entre a dor e o cuidado.
Entre o automático e a consciência.

Você não precisa estar 100% bem para começar.
Só precisa estar disposta a sentir um pouco mais do agora.
Com gentileza. Com presença.
E com a certeza de que há uma luz que pode voltar a tocar a sua pele.

Respira.

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