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Saia do automatismo

Você já teve a sensação de que os dias estão passando rápido demais?
Como se a vida fosse um automóvel em movimento, mas você não estivesse realmente dirigindo?

Talvez você tenha tomado banho hoje e, enquanto a água escorria pelo seu corpo, sua mente já estivesse dentro de uma reunião que nem começou.
Ou então abriu os olhos pela manhã e, em menos de cinco minutos, já estava sentindo culpa por tudo o que não deu conta ontem.

Essa sensação tem nome: automatismo existencial.
E ela é mais comum e mais perigosa do que parece.

O que é automatismo?

Automatismo é o estado de funcionar sem presença.
É quando pensamos, sentimos e agimos no modo repetição, como se estivéssemos vivendo dentro de um script invisível que não escolhemos escrever.

Na prática, é viver com pressa, responder no automático, comer sem sentir o gosto, trabalhar sem perceber o tempo, amar sem estar ali de verdade.

Do ponto de vista da neurociência, esse estado é sustentado principalmente por uma rede cerebral chamada Default Mode Network (DMN) ou Rede Neural do Modo Padrão.

Essa rede se ativa quando não estamos focadas em nenhuma tarefa específica, puxando nossa mente para ruminações sobre o passado ou para antecipações do futuro.

Um estudo de Harvard (Killingsworth & Gilbert, 2010) revelou que divagamos, em média, 47% do tempo acordadas. E mais: essa constante desconexão com o momento presente está diretamente associada a níveis maiores de insatisfação e infelicidade subjetiva.

Ou seja: quanto mais distantes do agora, mais sentimos que algo está errado, mesmo quando, objetivamente, está tudo bem.

Automatismo é só hábito cerebral?

Não. É também um reflexo cultural, social e filosófico.

Vivemos em um tempo onde a produtividade virou um valor moral.
Onde estar ocupada é sinal de sucesso.
Onde sentir-se cansada é quase uma medalha silenciosa de mérito.

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em “A Sociedade do Cansaço”, descreve essa lógica como uma forma de autoviolência moderna. Somos livres para escolher, mas prisioneiras de um excesso de possibilidades, cobranças e comparações.

Queremos ser tudo. Dar conta de tudo.
Mas estamos nos fragmentando de maneira física, mental e emocionalmente.

Nesse contexto, o automatismo se torna não só um hábito, mas um sintoma da desconexão contemporânea.
Desconexão do corpo.
Do silêncio.
Da própria vida.

Como ele afeta sem você perceber

Automatismo não chega com alarde.
Ele vai se infiltrando.
Dia após dia, em pequenos vazamentos de atenção, energia e presença.

Você:

E o mais perigoso: você começa a achar que isso é normal.
Que ser adulta é viver assim mesmo.
Que presença é um luxo.

Mas isso não é verdade.
Presença não é luxo. É necessidade básica do ser.

É o que devolve você para o seu eixo.
É o que lembra quem você é.

Uma prática para desautomatizar o agora

Vamos começar pequeno.

Hoje, escolha um momento comum do seu dia e faça ele com total atenção.

Pode ser:
• lavar a louça
• caminhar até o mercado
• escovar os dentes
• tomar um banho com consciência

Enquanto faz, repare:
• na temperatura do ambiente
• no som ao redor
• na sua respiração
• nos músculos do seu rosto
• nos pensamentos que surgem

Você não precisa controlá-los. Só notar.
Isso já é presença.
Esse microespaço entre o estímulo e a reação é onde mora a liberdade.

Como disse Viktor Frankl:

“Entre o estímulo e a resposta existe um espaço.
Nesse espaço está o nosso poder de escolher a nossa resposta.
E nessa resposta está o nosso crescimento e nossa liberdade.”

O flow começa com pequnas mudanças

Ele começa com pequenos cortes no automático.
Com a coragem de desacelerar no meio do barulho.
Com a escolha de estar onde se está.

O mundo vai continuar acelerado.
Mas você não precisa estar.

E se hoje, só por hoje, você respirasse fundo e dissesse:

Agora eu flow.

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